terça-feira, 29 de setembro de 2009

A MÁSCARA



Porquê esconder-se atrás de alguém que não existe? Não bastará, simplesmente, ser-se aquilo que se é, ainda que uma pessoa sujeita aos salutares erros e falhas, próprios da condição humana?



Como poderão as pessoas conhecer-se verdadeiramente, se continuam a usar máscaras, tentando ser aquilo que gostariam de ser? Como poderá uma amizade ou uma relação estabelecer-se dessa forma? Poderá alguém amar uma pessoa que não existe?

Fingir-se ser uma pessoa que não se é, não deve ser nada fácil! Poderá acabar por ser uma árdua tarefa, pois haverá certamente necessidade de se sustentarem mentiras e enganos, assim como necessariamente se imporá mudar de máscara a todo o tempo. Mas ninguém jamais conseguiu ser bem sucedido tentando ser o que não é: vai chegar uma hora em que a pessoa enganadora e mentirosa acaba, ela mesma, por se denunciar, correndo o risco de vir a ser considerada uma enganadora e mentirosa para o resto da sua vida.

Mais cedo ou mais tarde, quem mente ou engana acabará por ter de enfrentar as pessoas a quem mentiu ou enganou. Nesse cenário inevitável, ou a pessoa inventa desculpas para não ficar descredibilizada ou então diz a verdade.

Mas depois de tanta vergonha e humilhação, ainda que o mentiroso e enganador diga a verdade, a sua credibilidade ficará com certeza beliscada, ofuscada, comprometida. Porque as pessoas, simplesmente, deixam de ter confiança em quem mente ou engana!

Assim, perder-se-ão oportunidades únicas de se ser aquela boa amiga, ou a futura esposa, ou a confidente...

Mas se a pessoa não tem medo de ser ela própria e não esconde o que é, as outras pessoas poderão até não gostar da sua forma de ser, do seu ‘feitio’, mas aqueles que a amarem pelo que ela é (mesmo com todos os seus erros e falhas) estarão na verdade a oferecer-lhe o amor verdadeiro! E, o mais importante: ao ser ela própria, a pessoa viverá em harmonia consigo mesma. Nunca mais terá de perder tempo com máscaras e desculpas esfarrapadas para justificar as suas falhas. Todos falhamos, mas se formos sinceros connosco e com os outros teremos sempre paz de espírito.

Se a pessoa é o que é, e se for conhecida da forma que se der a revelar na essência do que é, certamente que não lhe será exigido algo que não tem e nem poderá dar.

Se a pessoa é transparente em tudo o que é, facilmente encontrará uma amizade verdadeira, uma relação verdadeira, o amor verdadeiro. Mas, sobretudo, essa pessoa terá o requisito fundamental para se ligar ao próprio Deus, ou seja: a sinceridade. Porque Deus conhece-nos, por dentro e por fora, e jamais aceita máscaras ou farsas.

Veja: não faz sentido pensar-se que se conhece alguém e depois descobrir-se que, afinal, essa pessoa estava a fingir o tempo todo! Ora, é certamente assim que Deus se sentirá quando alguém, perante Ele, finge ser uma pessoa que não é, mascarando santidade com palavras esvaziadas de atitude. Talvez seja essa a razão de muitos religiosos, no Mundo inteiro, nunca chegarem verdadeiramente a conhecer a Deus... Mas Deus conhece todas as coisas. Conhece o coração de cada um. Como poderá Deus ser enganado?

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